terça-feira, 12 de maio de 2009

Eminem fala sobre drogas, overdose e mais

Durante o longo tempo em que se manteve longe dos holofotes, Eminem, 36, foi alvo de vários rumores. Um dos mais vendáveis e adorados MCs de todos os tempos estava supostamente acabado. Viciado. Tinha perdido o dom. Nesses cinco anos de ausência, muitas coisas mudaram. Em abril de 2006, o melhor amigo de Eminem, DeShaun “Proof” Holton, foi morto a tiros numa discoteca de Detroit. Eminem casou com Kim Scott pela segunda vez em 2006, mas o casal se separou três meses depois. Em 2008, sua mãe Debbie Nelson lança o livro My Son Marshall, My Son Eminem. Eminem lançou sua auto-biografia, The Way I Am, mas ainda não estava preparado para falar francamente sobre os fantasmas que assolavam sua vida naquele momento. Hoje, o astro de Detroit vive com sua filha Hailie Jade, sua sobrinha Alaina e outros familiares. Prestes a retornar oficialmente ao jogo com o lançamento de seu quinto álbum, Relapse (Aftermath/Interscope), Slim Shady está de volta e pronto para esclarecer os rumores que o circundaram durante seu hiato.
Eu esclareci algumas coisas para minha família e meus amigos e, acho que esta é a hora de esclarecer com os meus fãs também, ele disse. Primeiro de tudo, eu sou gay... Nãoooo, é só palhaçada.
Não é segredo que eu tive problema com as drogas. Eu só acho que os meus fãs não sabem o quão grave ele foi. Quando eu entrei na reabilitação em 2005, eu entrei por causa de problemas de sono, ou acho que um problema de sono era o que eu pensava que tinha. Mas era um problema com drogas e eu não estava pronto para admitir isso. Eu estava tomando Diazepam, Ambien e Di-hidrocodeína. E estava tomando muito. A quantidade de Di-hidrocodeína que eu poderia tomar em um dia? Algo entre 10 e 20. Diazepam, Ambien, o número era tão alto que eu nem sabia o que estava tomando. Eu raramente fiz isso durante a Anger Management 3 tour (verão americano de 2005). Eu tinha um médico de reabilitação que estava cuidando para que eu tivesse o suficiente para não ficar doente e poder dormir à noite. A idéia era, me deixe fazer a turnê nessas duas últimas semanas e então cuidarei de mim.
Quando eu cheguei na reabilitação, todo mundo estava pronto para que eu fosse, mas eu não estava. A reabilitação foi uma experiência ruim pra mim. Sendo uma celebridade e tal, me senti como um peixe fora d'água. Era tipo, eu não tenho um problema com drogas. Todo mundo têm um problema. Sou um homem feito, eu deveria ser capaz de fazer o que eu quero. Estas são as coisas que todo viciado pensa. Eu fiquei em reabilitação durante duas semanas, então resolvi sair.
Nem preciso falar, tive uma recaída. Comecei a tomar Di-hidrocodeína uma semana depois de ir pra casa. Fiquei limpo por provavelmente três semanas. Então, eu tentei voltar com o NyQuil. Tive um problema com ele, mesmo que ele seja um remédio de venda livre.
Um dia... Isso foi antes do natal de 2007. Eu tinha alguns comprimidos. Alguém me deu algumas pílulas que eram azuis e foram moldadas como Di-hidrocodeína. Eu comecei a procurar por qualquer coisa que continha codeína. Tylenol 3s, 4s, mas eles me deram essas pílulas azuis. Me disseram, tome isso, são como Di-hidrocodeína, mas fazem menos mal ao seu fígado. Eu lembro de ter tomado uma no carro e fiquei tipo 'Opa, isso é bom pra caralho'. Eu nem sequer perguntei o que era. Fiquei tipo 'Isso te deixa suave e é mais confortável pro fígado? Eu tenho uma nova opção de droga!
Dentro de um ou dois dias eu estava querendo mais. Eu tinha de 15 a 20 deles naquele momento. Acho que tomei metade naquele dia. De noite, eu lembro que não era capaz de sair da cama. Eu, literalmente, não podia me mexer. As pessoas diziam que eu estava estranho naquele dia, meio lerdo e tal. Acho que dormi de 3 da tarde até as 10 horas. Eu acordei e não podia me mover. Falei, fodido, vou ficar por aqui. Acordei no dia seguinte, meio-dia.
Então, levantei e fiquei tipo 'estou firmão, vou tomar mais'. Tomei metade no primeiro dia e outra metade no segundo, e a última coisa que eu lembro é de ter tentado usar o banheiro. Lembro de estar de pé pra dar uma mijada e então ter caído pra trás. Bati com as costas na lixeira, quebrei a lixeira. Me levantei outra vez, e então caí pro outro lado. Lembro que o chão do banheiro estava frio e lembro de ter tentado rastejar pra cima do tapete. Cheguei no tapete, e esta é a última coisa que eu lembro. A Hailie me encontrou desmaiado no chão frio, e então chamou a polícia.
Eu acordei no hospital. O doutor me disse que as pílulas misteriosas eram Metadona, que é usado no tratamento dos tóxicodependentes de heroína. Se eu soubesse que era Metadona, provavelmente não teria tomado.
Eu não estava apenas deprimido com a morte do Proof, estava deprimido com a minha música. Tudo que eu estava tomando eram drogas que causam depressão, estritamente sedativos. Meu humor tornou a minha música depressiva e, por sua vez, a música depressiva me tornou depressivo. Meu cérebro estava lento. Meu flow, minha cadência, tudo estava lento. Cada música que eu fazia, que desgraça que sou, minha vida está fudida e tudo está errado.
Eu tive uma overdose e fiquei no hospital uma semana pra desintoxicar. Mesmo quando o médico disse que eu quase morri, a ficha não caiu. Fiquei em coma por quase dois dias. Tudo que eu lembro era de estar dormindo calmamente e ter despertado no hospital tipo 'Que diabos está acontecendo?' Tinham tubos em mim, todos os tipos de merda em mim.
Quando você diz pra um viciado que ele quase morreu, na cabeça dele vai passar 'Bem, eu não morri, então estou de boa. Ah! Eu tenho sorte. Obrigado, senhor. Deus, me deixe escapar dessa que eu não vou usar de novo'.
A palavra oficial foi que eu tive pneumonia. Tipo, eu tive pneumonia. Tomei tantas pílulas que o meu sistema imunológico não estava funcionando direito. Disseram-me que se eu tivesse chegado ao hospital duas horas mais tarde, teria morrido, porque eu fudi os meus rins e o fígado estava calibrado. Meus rins tinham quase parado de funcionar. Eles estavam prontos pra me colocar em diálise.
Fiquei no hospital no natal, então minhas garotas tiveram de esperar para abrir os presentes. Elas estavam esperando o pai voltar pra casa. Eu não queria assustá-las ainda mais que já tinha. Obviamente, estava me sentindo péssimo pela situação. Eu me desentoxiquei por uma semana, o que não era suficiente. Eu fui pra casa por um dia. No dia seguinte, acabei tendo uma convulsão.
Eu nunca tive uma convulsão antes. É quase como se sentir fora do corpo. Eu estava sentado lá comendo um pedaço de frango e me senti fraco, quase fraco até para pegar o pedaço de frango. A próxima coisa que sei é que eu estava no chão. A ambulância estava lá pra me levar. De qualquer forma, eu voltei para o hospital, porque eles disseram que eu não tinha me desintoxicado com segurança. Mas o hospital não era confidencial sobre os meus negócios, foi aí que começaram a circular os boatos sobre uma possível overdose.

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